terça-feira, 24 de junho de 2008

9 de julho: 76 anos da Revolução Constitucionalista

Você sabe por que é feriado no Estado de São Paulo em 9 de julho? Porque São Paulo liderou o Movimento Constitucionalista de 1932, que buscava a democracia no Brasil e uma nova Constituição. São Paulo era contra a forma como era tratado pelo governo de Getúlio Vargas, por causa da nomeação de interventores que não tinham nada a ver com o Estado.

Desde 1915, São Paulo era o Estado mais desenvolvido, com relações capitalistas, em meio a um país agrário, dominado pelo coronelismo – entre outros resquícios da Velha República. Segundo o historiador José Alfredo Vidigal Pontes, autor do livro “1932, o Brasil se revolta”, os paulistas sentiam-se hostilizados pelo governo federal. “A crise político-militar de 1932 foi um questionamento profundo do próprio caráter da república brasileira, um confronto entre a democracia, defendida pelos constitucionalistas, e o autoritarismo, praticado por Vargas e apoiado pelos tenentes”, destaca.

Ao contrário do que se pensa, não foi um movimento separatista. O radicalismo separatista estava restrito a uma minoria, reunida no PRP (Partido Republicano Paulista), que atuava na clandestinidade.

Guerra - Assim como eu e muitos paulistas, você certamente tem na família algum antepassado que participou desse movimento. E já deve ter ouvido alguma história sobre os conflitos armados e bombardeios.

No dia 23 de maio (daí vem o nome do corredor norte-sul, rá!), um confronto que resultou na morte dos jovens Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Américo de Camargo Andrade, acirrou os ânimos. A sigla MMDC, de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, passou a denominar uma sociedade secreta contra o governo central (a sigla dá nome também a uma rua no Butantã).

A coisa piorou e, após 45 dias, as primeiras batalhas aconteceram em Passa Quatro, no Vale do Paraíba, quando tropas federais comandadas por Eurico Gaspar Dutra – ele mesmo, que seria presidente 14 anos depois – sufocaram os rebelados, e em Itararé, na divisa com o Paraná, onde tropas do Rio Grande do Sul atacaram as posições paulistas.

O Campo de Marte foi bombardeado pelo governo federal, assim como posições na cidade de Campinas e em algumas cidades na divisa do Rio de Janeiro e no sul do Estado.



Cartaz de convocação a enfermeiras.

Apesar da supremacia das forças governistas (com mais de 300 mil homens), a resistência dos constitucionalistas – um exército de 40 mil soldados paulistas – surpreendeu. O motivo para a revolução ter se prolongado até outubro foi o esforço de guerra paulista, que envolveu empresários, engenheiros, operários e os constitucionalistas.

O saldo da revolução registra mais de 600 mortos e 15 mil feridos. Mas, se São Paulo foi derrotado no que diz respeito aos embates de guerra, o mesmo não se pode afirmar sobre os desdobramentos políticos. Dentre os quais a confirmação das eleições de 1933 e a promulgação da Constituição de 1934 - para cuja redação os constitucionalistas deram contribuição importante, já que obtiveram 17 das 22 vagas da bancada paulista para a Câmara Federal Constituinte.

No Parque do Ibirapuera foi construído um obelisco em homenagem a Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC), e um mausoléu, onde foram enterrados os corpos dos quatro, junto a outros heróis da guerra.


Detalhe do mausoléu (obelisco).

Caminhada – No próximo dia 9 de julho está programada uma caminhada em homenagem aos heróis de 1932 e ao Estado de São Paulo. A saída será em frente ao MASP, às 9h30. O roteiro inclui a descida da Avenida Brigadeiro Luís Antônio até o Parque do Ibirapuera.

Fontes: Site da prefeitura de São Paulo e UOL Educação.

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