terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O melhor do pior

Oito e meia da manhã. O trânsito completamente congestionado antecipa o atraso no trabalho. Uma chuva fina corta o vidro do carro em um dia que terminará em uma tórrida tarde de sol. Este é um dos cenários mais marcantes para quem vive em São Paulo. Enfrentar congestionamentos, começar o dia com chuva e terminar torrando no sol. Ou vice-versa. Mas, sempre acompanhado do trânsito lento.



Nesses momentos é preciso uma calma transcendental para não protagonizar um dia de fúria. E é quando a criatividade entra em cena. Vale tudo para não estressar no congestionamento da cidade. Ler um livro, escutar muita música, ou até fazer tricô (sim, já ouvi gente contar que faz tricô no trânsito). E aí está mais uma das contradições desta metrópole louca. Enquanto São Paulo te impõe um ritmo acelerado, tanto de informações, quanto de atividades, te faz andar lento, muito lento, por suas vias de tráfego parado.

O filme A Via Láctea, de Lina Chamie, que esteve em cartaz por aqui em novembro do ano passado, tem como argumento justamente os intermináveis congestionamentos de São Paulo. Este corpo-a-corpo com a cidade foi levado à tela dividindo a cena com o protagonista do filme e suas lembranças de um relacionamento amoroso.

O paulistano, tão acostumado a não parar, se vê obrigado a isso. E o pensamento, nessas horas, é a única companhia. Mesmo rodeado de gente: Sozinho. Foi em uma dessas cenas que a personagem que aqui escreve se viu envolta em seus pensamentos enquanto a fila de carros mal andava. As oito e meia da manhã de uma infernal segunda-feira com uma chuva fina cortando o vidro do carro.

Eis que, nessas horas, tirar o melhor do pior é imperativo e dependendo do humor, isso acontece. O filme que passava em meu pensamento era justamente este projeto – o Welcome To The Jungle. Esta idéia surgiu em uma conversa entre duas amigas no balcão de uma casa noturna badalada de SP. Em menos de uma semana, já tínhamos o espaço para publicação – este blog – duas entrevistas de peso e muito mais idéias na cabeça para colocar em prática com a pressa que São Paulo impõe.

O que ganhou um ritmo frenético foi o nosso pensamento e em duas semanas de existência, o blog já tem projeto de site, com um layout e tudo o mais, pronto para estreiar. Mas, na prática, nada acontece tão rápido. Nem mesmo em São Paulo. A começar por seu trânsito. E foi nele que surgiu uma reformulação para a linguagem deste futuro site. Antecipo que mais que matérias e prestação de serviço sobre a cidade e seus personagens infindáveis, quem passar por aqui encontrará um olhar.

O olhar de quatro mulheres. Cada uma, a partir de sua história e vivências, terá este espaço para relatar as delícias e as dores de morar em uma cidade como São Paulo. Sugestões de lugares bacanas, bons filmes e peças - e também o pior da metrópole – estão no roteiro. Mas o relato será muito mais próximo do particular – indo na contramão da impessoalidade da gigante de concreto.

Um comentário:

Daniel Cohen disse...

Engraçada essa dualidade da megalópole não? Ela é toda feita de intrincados contrastes. Corridas/Paradas, mansões/favelas, mega palcos/portas de pagode, restaurantes estrelados/botecos, Gucci/havaianas gastas.
Moro em duas cidades: São Paulo e Cunha(Interior) - Acompanhar esses ritmos tão diferentes, tanto das cidades como das dualidades é algo fascinante.

Sucesso para Vcs.