segunda-feira, 30 de junho de 2008

Quem vai de metrô anda mais rápido

Estação Jardim São Paulo

Desde que voltei a trabalhar, alguns hábitos se incorporaram ao meu cotidiano. Um deles é o metrô, no qual permaneço por cerca de trinta minutos para percorrer o trecho entre as estações Jardim São Paulo e Sta Cruz todos os dias. Eu sou apenas uma. Uma entre as mais de dois milhões de pessoas que circulam pelo metrô de São Paulo diariamente. São cinco linhas - identificadas pelas cores azul, verde, vermelha, amarela e lilás - que cortam a cidade de leste a oeste e de norte a sul.

Mapa da Rede

Construir o Metrô da metrópole, na década de 60, foi um pouco como construir uma estrada enquanto se caminhava. Tudo era novo, não havia experiência passada. O então presidente do Metrô, o jovem engenheiro Plínio Assmann, declarava que nunca havia visto um metrô, mas que aceitava o desafio em nome de uma geração de profissionais. E foram estes profissionais, com os olhos voltados para o mundo que, com um diploma numa mão e um passaporte na outra, absorviam avidamente as tecnologias de ponta, que estavam transformando a engenharia de sistemas.

Entre tantas questões que se colocaram diante desta equipe de metroviários pioneiros, era preciso tomar decisões quanto aos problemas decorrentes da importação de know-how estrangeiro. Entre adquirir pacotes fechados delegando a fabricação e a montagem dos equipamentos e sistemas aos fornecedores e assumir o controle do processo, procurando absorver as tecnologias em implantação, foi escolhida a segunda opção.

Assim, empresas nacionais foram estimuladas a investir em tecnologia. A Villares, por exemplo, desenvolveu uma escada rolante veloz, que não existia no Brasil. Por outro lado, todas as empresas estrangeiras fornecedoras do Metrô obrigavam-se a transferir seu conhecimento, capacitando engenheiros e a indústria nacional a continuarem produzindo e mantendo todos os requisitos de qualidade. Reconhecidas instituições de pesquisa, como a UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), a FDTE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia), a POLI (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) passaram a participar do projeto, aprimorando e adaptando o know-how estrangeiro às necessidades brasileiras. Graças a esta filosofia, a Linha 1-Azul obteve um índice de nacionalização próximo dos 70%, enquanto na Linha 3-Vermelha esta cifra subiu para 95%.

História

A escolha do traçado, ligando os dois bairros afastados, Santana e Jabaquara, cortando a área central da cidade, foi devido a inexistência de alternativas de transporte coletivo ferroviário para os moradores e à preocupação de descongestionar o trânsito já caótico do centro de São Paulo.
Foi esta linha, a azul, que marcou o nascimento do Metrô de São Paulo e foi nela que se concentraram as disputas que exigiram as opções tecnológicas que iriam fazer do metrô paulistano um dos mais velozes e modernos do mundo.

Para o prefeito Faria Lima, eleito em meados da década de 60, a implantação do sistema metroviário era uma das principais metas do seu governo. Para iniciar os estudos, foi criado, em 1966, o GEM - Grupo Executivo Metropolitano, antecessor do Metrô de São Paulo, que surgiria a 24 de abril de 1968.

A década de 70 caracteriza-se por profundas revoluções na tecnologia dos metrôs (carros em aço inoxidável, sistema automático de controle e sinalização dos trens, terceiro trilho biometálico, tração elétrica dos carros, eletrônica de potência). Por outro lado, o projeto inicial da HMD não considerava o metrô como estruturador do transporte na cidade e não integrava as várias modalidades de transporte.

No dia 14 de setembro de 1974, teve início a operação comercial do metrô. O trecho percorrido foi Jabaquara-Vila Mariana. No dia 26 de setembro de 1975, a operação comercial foi estendida para toda a Linha 1-Azul, de Santana a Jabaquara.

Estava pronta a primeira linha de metrô paulistana, com 16,7 km de extensão e 20 estações. Transporte de alta capacidade, rápido e seguro, o Metrô começava a cumprir seu papel: melhorar a qualidade de vida do morador de São Paulo, poupando o seu tempo gasto com locomoção para que ele pudesse dedicar mais espaço ao lazer, ao trabalho e à vida pessoal.

Em 1998, foi entregue à população a Extensão Norte, que adicionou à Linha 1-Azul mais 3,5 km de vias e 3 novas estações: Jardim São Paulo, Parada Inglesa e Tucuruvi. A partir de então, com seus 20,2 km de extensão, a Linha 1-Azul é utilizada por 325 milhões de passageiros/ano, passageiros que incorporaram à sua rotina as idas e vindas pelos subterrâneos do Metrô e que hoje não saberiam viver sem ele.

Expansão

Um plano de expansão, que teve início em 2007 e prevê o término em 2010, desenha um percurso ainda mais abrangente para o metrô. A modernização das linhas ferroviárias, assegurando qualidade de metrô para toda a rede sobre trilho e mais de 100 km de novas linhas e serviços metro-ferroviários, além de corredores de ônibus, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista e Campinas compõem a proposta. Mais de 100 novos trens serão incorporados à operação do Metrô e da CPTM.

Principal alternativa

Nesta minha trajetória diária, meu conceito sobre a importância desse e dos demais transportes públicos tem sido reiterada. Acredito que muito ainda deva ser feito. Mas o metrô deveria ser uma opção mais freqüente para o paulistano, estafado pelo trânsito caótico, mas que se recusa a deixar o carro na garagem. Ter automóvel em São Paulo é sinônimo de status, de ascensão social. Porém, cada vez mais, o trânsito da cidade pede ar, espaço e calma. O Metrô deve, e merece, ser a alternativa adotada pelo paulistano para desafogar a metrópole dos 3,5 milhões de carros que circulam diariamente em suas ruas.


Fonte fotos e informações - SITE DO METRÔ DE SP

4 comentários:

Márcia Campos disse...

Concordo contigo, gostaria muito de poder me locomover de metrô SEMPRE. Ainda mais agora com a tal lei seca.
Mas muito ainda precisa ser feito: mais linhas, mais trens, disponibilidade 24 horas e mais segurança. Nas últimas vezes que utilizei metrô, tava lotadasso... Não é por status, mas ainda prefiro o conforto do meu carrinho.

Rotatividade disse...

Clá adorei o post também. Seria interessante você contar sobre sua experiência como artista plástica com sua exposição no Metrô Vila Madalena. Vou cobrar!!! risos
beijos
Ps: Também prefiro o conforto do meu carro. heheheh

Leticia Olivares disse...

Para mim, é inconcebível que SP tenha menos quilômetros de linha que Tóquio, por exemplo!! E concordo com a Márcia! 24h de metrô, já!!
beijos a todas

Ronald disse...

Achei interessante esta página, exceto por um comentário nela redigido acerca da Terapia Ocupacional: "Conversando com meu namorado quando cheguei do Sarau, falamos sobre a reinserção por meio do que configura-se como uma terapia ocupacional, ensinar artes, artesanato (que inclusive pode ser vendido,) fazer oficinas teatrais, para mantê-los ocupados e longe do álcool, por exemplo"
Como terapeuta ocupacional, não poderia deixar de me manifestar. Primeiramente, a terapia ocupacional é uma profissão de nível superior, onde o profissional recebe todo um conhecimento teórico e prático a respeito das atividades humanas para poder aplicá-las como recurso terapêutico. Para que uma ativiade se configure como atividade terapêutica é necessário haver o que chamamos de tríade terapêutica: o terapeuta - a atividade - o indívíduo. As atividades, sejam elas quais fores, são o meio que temos para atingirmos nossos objetivos de tratamento. Podemos utilizar das artes, que não é a mesma coisa que artesanato, como um recurso terapêutico. Essas atividades só se caracterizarão como atividades de Terapia Ocupacional se houver atuação de um terapeuta ocupacional, porque é este o profissional da área da saúde quem detém o conhecimento para aplicar atividades adequadas para cada situação. O terapeuta ocupacional não ocupa as pessoas e nem dá aulas de artesanato. O importante para nós é o processo de criação e as relações e fenômenos que são produzidos neste processo e não o resultado final da atividade. Maiores informações no site do nosso conselho profissional: Crefito e Cofito! Feliz 2009!